That's the last tear I give to you. And happiness in your marriage.

INVERNO INTERNO (by Arthur Nietch)


O inverno dentro de mim congelou tudo que sinto, menos a visão de seu rosto, que é como o ultimo fogo acesso na escuridão completa, que queima sem parar internamente causando dores quase insuportáveis.
Estou sangrando, lenta e dolorosamente, mas mesmo assim não alivia minha dor. Minha pele ferida em vão não diminui o sofrimento e agonia.
Como algo tão tenro e belo pode causar tanta dor? Como o mais belo dos anjos consegue destruir o pouco que restava em mim?
Penso se devo ir um pouco mais fundo em minha pele. A linda visão do sangue jorrando pode ser o suficiente para me acalmar, mas também pode ser o suficiente para me matar.
Agora contemplo o nada que me tornei. Uma sombra do que já fui no lugar de quem eu era. O sangue correndo nas veias e o coração pulsando não indicam mais que estou vivo e sim apenas que ainda não morri.

Because of you

Eu perco meu caminho
E não demora muito até você mencionar isso
Eu não posso chorar
Porque eu sei que isso é fraqueza nos seus olhos

Eu sou forçada a fingir um sorriso, uma risada
Todos os dias da minha vida
Meu coração não pode se partir
Quando não estava inteiro para começar

Você nunca pensou
Nos outros
Você só viu sua dor

E agora eu choro
No meio da noite
Pelo mesmo maldito motivo

Por sua causa
Eu dei o meu melhor para apenas esquecer tudo
Por sua causa
Eu não sei como deixar ninguém se aproximar de mim

Por sua causa
Eu estou envergonhada da minha vida
Porque ela está vazia
Por sua causa eu tenho medo

Por sua causa

Clarisse Linspector

Eu vivo em carne viva, por isso procuro tanto dar pele grossa aos meus personagens. So que nao aguento e faco-os chorar a toa.

Invece No.

Em algum lugar do grande mundo, sentada no piano do bar de um hotel, alguém fechou os olhos e tocou os primeiros acordes de uma canção. Uma canção escrita pelo coração que não se conformava. Uma canção que ignorava as suas próprias barreiras. A língua era uma forma de mostrar isso, já que não era sua língua materna, nem uma que fosse fluente. A forma com que tocava e cantava, parecia que o salão estava vazio, exceto pela taça de vinho que havia pousado sobre o piano. Mas também parecia que cantava para alguém que não estava ali. Alguém que não sabia onde estava. Não parecia louca, parecia apenas buscar uma conexão por telepatia e fazer alguém sentir o que ela queria dizer, estando longe ou perto.
Nada havia sido escolhido ao acaso. Nada havia sido escolhido. Em tudo há um significado concreto, esperando para ser desvendado. Em tudo há um clamor, uma vida. Uma vida que saía de um olhar direto para um coração.  'You look at me and life comes from you.'

Forse bastava respirare Talvez bastasse respirar
 Solo respirare un pò Só respirar um pouco
Fino a riprendersi a ogni battito Até recuperar cada batimento
E non cercare l'attimo E não procurar o momento 
Per andar via De ir embora
Non andare via Não vá embora

Perchè non può essere abitudine Porque não pode ser um hábito
Diciembre senza te Dezembro sem você
Chi resta qui Que permanece aqui
Spera l'impossibile Espera o Impossível.

Invece no Mas não
Non c'è più tempo per spiegare Não há mais tempo para explicar
Per chiedere se ti avevo datto amore Para perguntar se te dei amor
Io sono qui Eu estou aqui
E avrei da dire ancora  E tenho de dizer 
Ancora ainda

Perchè si spezzano tra i denti  Porque ficam entre os dentes 
Le cose più importanti As coisas mais importantes
Quelle parole che non osiamo mai Aquelas palavras que não usamos nunca
E faccio un tuffo nel dolore  E faço um mergulho na dor
Per farle rissalire e riportarle qui Para traçá-las e trazê-las aqui
Una per una qui Uma por uma aqui

Le senti tu? As suas sensações
Pesano e si posano Pesam e pousam
Per sempre su di noi Para sempre sobre nós
E se manchi tu E se sinto sua falta
Io non so riperterle Eu não sei repetir
E non riesco a dirle più E não posso dizer mais.

Invece no Mas não
Qui piovono i ricordi Aqui chovem as lembranças
Ed io farei di più E eu teria de fazer mais 
Di ammettere che è tardi Para admitir que já é tarde
Come vorrei poter parlare Como gostaria de poder falar
Ancora ancora Ainda, ainda.

Invece no non ho Mas não, não tenho 
più tempo per spiegare Mais tempo para explicar
Ch avevo anch'io E eu também tinha
Io qualcosa da sperare Alguma esperança
Davanti a me À minha frente
Qualcosa da finire insieme a te Alguma coisa para acabar junto a você

Forse mi basta respirare Talvez me baste respirar
Solo respirare un pò Só respirar um pouco
Forse è tardi Talvez seja tarde
Forse invece no Mas talvez não





No meio da canção, a voz suave e levemente acentuada da mulher se esvaia, primeiro em suaves 'pulos', depois em sussurros, por último em um simples cantarolar. Os poucos que ali estavam podiam notar a emoção da desconhecida e podiam notar, não se sabe como, que era uma passagem de sua própria história, um dizer de seu próprio coração. Se houvesse pouco mais que um simples foco de luz, daria para perceber as lágrimas que jorravam como uma cachoeira silenciosa. Talvez pudessem ver nos olhos daquela imigrante que ela buscava com aquilo uma forma de tirar do coração o que já não aguentava mais recordar. Tirar do coração aquilo que ela sabia ser eterno, mas que tinha vontade de largar no chão e seguir. No fim da canção, ela obtinha a resposta. Depois de um profundo suspirar, ela sabia que não bastava apenas respirar. 

Luiz Fernando Veríssimo - Os Espiões

‎"Nas segundas-feiras estou sempre de ressaca, e os originais que chegam vão direto das minhas mãos trêmulas para o lixo. E nas segundas-feiras minhas cartas de rejeição são ferozes. (...) Se Guerra e Paz caísse na minha mesa numa segunda-feira, eu mandaria seu autor plantar batatas. Cervantes? Desista, hombre. Flaubert? Proust? Não me façam rir. (...) Certa vez recomendei a uma mulher chamada Corina que se ocupasse de afazeres domésticos e poupasse o mundo da sua óbvia demência, a de pensar que era poeta. Um dia ela entrou na minha sala brandindo o livro rejeitado que publicara por outra editora e o atirou na minha cabeça. Quando me perguntam a origem da pequena cicatriz que tenho sobre o olho esquerdo, respondo:
-Poesia.”

Dança dos astros



" E quando vi o que tu te tornaste, meu bem, vi que o problema era apenas eu e decidi apenas me libertar. Rasguei tuas fotos, como quem rasga momentos e os joga ao ar. Bebi todos os vinhos que disseste um dia que eram deliciosos apenas em meus lábios e então, embriagada de ódio, de raiva, de amor, queimei todas as cartas que um dia te escrevi. De sol e lua, tu te tornaste Mercúrio, tão perto ao teu sol, e eu... me tornei apenas Plutão, que antes era astro, mas agora é apenas esquecido. " 

"Se você ler essas linhas, não lembre-se da mão que a escreveu. Lembre-se apenas do verso, o choro sem lágrimas do compositor por quem eu tenho dado a força e isso se tornou a minha própria força. Moradia confortável, colo da mãe, chance para a imortalidade, onde ser querido se tornou uma emoção que eu nunca conheci. O doce piano escrevendo minha vida. Ensine-me a paixão, pois temo que ela tenha partido. Mostre-me o amor, proteja-me da tristeza. Há tanto que eu gostaria de ter dado àqueles que me amam. Eu sinto muito. O tempo dirá esse amargo adeus. Eu não vivo mais para envergonhar nem a mim, nem a você.
E você? Desejaria não sentir mais nada por você..."



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