E os dias tinham sido assim para ela...

monótonos, vazios, frios. Toda manhã era a mesma coisa: um banho, uma taça de vinho, engolir a dor, encher o rosto de maquiagem (o que antes não fazia tanto) para que as marcas não aparecessem e ir para o trabalho. Enquanto Bezu em sua arrogância estava pronto para deixá-la ir embora, Collet conversava o bastante para não deixá-la ir e a convencia temporariamente. Dizia que era uma das pedras fundamentais da DCPJ. O que isso significa? Nada. Não mais.
Os policiais, por trás de Bezu e Collet, sismam em mexer com ela. Mesmo ainda usando a aliança, eles sabem de tudo e tentam fazer com que ela esqueça o “passado”, e a chamam para sair ou algo do tipo. Ela não vai. Ela nunca quer ir.
O último tentou agarrá-la no elevador. Sophie nunca tinha usado sua força bruta daquela forma. O policial acabou com o nariz escorrendo sangue, o pulso quebrado e choramingando como um bebê ao embalar suas partes íntimas. Bezu - para seu espanto - não fez nada.
Ao chegar em casa e nada é diferente. Paris, que outrora a fazia bem, já não é mais seu lar. Seu coração está longe, bem longe… e para fingir que aguenta isso, outra taça de vinho… até acabar a garrafa.

E olhava pela última vez o lar de suas alegrias...



Aquele espírito alegre que a casa possuía havia ido junto a ele. Aguardava o taxi que a levaria novamente para Paris. Sentada nos degraus da varanda, com a aliança na palma da mão, girando-a sem parar, absorta em pensamentos. Não havia dormido, mal comera. Passara a noite em frente ao bar da casa, derramando copos de bebida de uma única vez. Até a bebida era carregada de lembranças. Qualquer um que a olhava podia vê-la tremer, mas não era frio. Perguntava-se como estaria ele… Perguntava-se se ele estaria pensando nela. Olhou mais uma vez para a aliança.
 As férias que ele tanto pedia para que ela tirasse, em outras palavras, claro, ela havia tirado. Havia ligado para o trabalho e pedido dias, sem data de retorno. Sentia-se fraca, doente demais para tudo aquilo. Se ao menos houvesse um modo… Suspirou. Apertou com toda sua fraca força a aliança na mão, como se fosse o único elo até ele. Com as costas da mesma mão, enxugou as lágrimas que não cessavam de cair. O queria ali, mas como? Pela milésima vez se amaldiçoava e tentava se convencer de que seria melhor, que ele não a merecia. Mas esse pensamento em nada ajudava. Se ao menos houvesse um modo…

Então abri o caderno...




As folhas amareladas pareciam querer se dissolver em minhas mãos. A estrutura um tanto estranha e surpreendente parecia querer dizer que existia muito mais à ser dito do que o que realmente havia escrito. A folha toda em branco mostrava mistérios e fazia aquele que lia (no caso, eu) se perguntar o que realmente era aquilo. 
Folheei as  páginas. 

Todas da mesma forma: A folha inteira em branco, uma única frase no rodapé. A folha inteira em branco, uma única frase no rodapé. Um ciclo vicioso. Perfeito. Inquebrável no período de duas capas. As frases em letra bem cursiva e pequena indicava que uma menina escrevia. O idioma? O próprio português coloquial parecia querer fluir nas páginas que se mostravam ali. 

Apesar da curiosidade...  o sono era maior e eu adormeci  à folhear o velho caderno. 

At Seventeen...

Novamente algo que tem muito haver comigo. Sei que é um porre não ter nada escrito 'por mim mesma', mas... passando mal, época de recuperações e tempo estranho... Não rola, não é?
Me apaixonei por essa canção no mesmo dia em que esse vídeo foi gravado. Céline, como sempre, linda e perfeita, depois de se curar de uma infecção na garganta.



Eu aprendi a verdade aos dezessete anos, que o amor foi feito para belas princesas e para as normalistas com pele e sorrisos claros, que se casavam cedo e então sumiam. Os namorados que nunca tive, as noites de suspense e charadas eram gastas com outras mais bonitas. Aos dezessete eu aprendi a verdade. E aquelas de nós com rostos feios, desprovidas de encantos sociais, desesperadas, permanecíamos em casa inventando amantes no telefone, que ligariam nos convidando para dançar e baixinho nos diriam coisas obscenas. "Não é assim que acontece, aos dezessete". A garota morena com roupas emprestadas, cujo nome eu nunca pude pronunciar, disse-me para agradar quem eu servisse pois eles só tinham o que queriam. E a bem relacionada princesa da cidade mergulhava em suas necessidades com a garantia de que teria companhia e certa de que o céu era para idosos.
Lembre-se que aqueles que vencem no jogo perdem no amor no qual buscam lucrar. Mesmo certos de sua qualidade tem uma integridade duvidosa. Os olhos da pequena cidade se espantarão com você, todos surpresos ao verem que a dor e a dívida superam o lucro recebido, aos dezessete.
Para aquelas de nós que conheciam a dor de namorados que nunca vinham, e aquelas cujos nomes nunca eram chamados quando formavam os times da escola, foi há muito tempo e muito longe. O mundo era mais jovem que hoje e sonhos era tudo que havia de liberdade para "patinhos feios" como eu.
Nós agíamos assim e ousávamos nos iludir na solidão, inventando amantes no telefone, arrependidas das vidas que não vivíamos, em que nos ligavam convidando para dançar e baixinho diziam coisas obscenas para garotas feias como eu, aos dezessete anos.

Nostalgia...

s.f. Melancolia, tristeza causada pela saudade de sua terra.
Saudade do passado, de um lugar etc.


Sinônimos: abatimento, melancolia e tristeza.


Definição:

Classe gramatical: Substantivo
Separação de sílabas: Nos - tal - gi - a 
Plural: Nostalgias
Possui 9 letras. Três vogais: a, i e o.     Cinco consoantes:  g, l, n, s e t.
Escrita ao contrário: aiglatson



Snuff - Slipknot

Primeiro, uma explicação: 

Recebi uma notícia que não me agradou muito. Pra falar a verdade, nada tem me agradado muito ultimamente. Uma ou duas frases dessa música me martelaram a cabeça enquanto estava no ônibus. Eram como gritos. As vezes como sussurros. A primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi colocá-la para tocar. Quando vi, outra coisa não muito legal. 21:42, snuff no último volume, casa no escuro. Desabafo?

Corey Taylor no clip de Snuff.




Enterre todos os seus segredos na minha pele. Desapareça com inocência e deixe-me com meus pecados. O ar ao meu redor ainda parece uma gaiola... E amor é somente uma camuflagem para o que parece ser raiva novamente...

Então se você me ama, deixe-me ir e fuja antes que eu saiba. Meu coração está sombrio demais para se importar... Eu não posso destruir o que não está lá. Me entregue ao meu Destino. Se estou sozinho, não tenho o que odiar. Eu não mereço ter você... Meu sorriso foi tomado há muito tempo. Se eu posso mudar, espero nunca saber.



Eu ainda pressiono suas cartas junto aos meus lábios, e as guardo em partes de mim que saboreiam cada beijo. Eu não poderia encarar uma vida sem a sua luz, mas tudo isso foi dilacerado... quando você recusou-se a lutar.

Então poupe seu fôlego, não irei ouvir. Acho que deixei isso bem claro. Você não poderia odiar o bastante para amar. Isso deveria ser o suficiente? Eu só queria que você não fosse meu amigo, assim eu poderia te machucar no final. Eu nunca declarei ser um Santo... Meu interior foi banido há muito tempo. A esperança precisou morrer para deixar-te ir.

Então quebre-se contra as minhas pedras e cuspa sua pena na minha alma. Você nunca precisou de nenhuma ajuda, você me vendeu para se salvar. E eu não ouvirei a tua vergonha. Você fugiu - Vocês são todos iguais. Anjos mentem para manter o controle... Meu amor foi punido há muito tempo. Se ainda se importa, não deixe que eu saiba. Se ainda se importa, não deixe que eu saiba...


The Begining









Quem sabe Deus esteja olhando para tudo uma hora dessas, rindo ou planejando algo melhor?



Mas, agora estou afundada na minha cama, olhando as horas passarem. Um cigarro nos dedos e um caderno que achei debaixo da cama. A capa era dura e parecia mais velha do que eu. Parecia algo que já estava debaixo dessa estrutura de madeira, esperando por mim há anos, esperando alguém para contar uma história. Tentei ignorar a minha curiosidade e logo estava com as folhas amareladas nas mãos. Tentei ignorar o fato das letras serem pequenas pegando os meus óculos e abrindo, depois de meses, uma janela para que pudesse ver melhor. A claridade deixava meus olhos sensíveis o tanto que incomodados.

"Se você ler essas linhas, não lembre-se da mão que a escreveu. Lembre-se apenas do verso, o choro sem lágrimas do compositor por quem eu tenho dado a força e isso se tornou a minha própria força. Moradia confortável, colo da mãe, chance para a imortalidade, onde ser querido se tornou uma emoção que eu nunca conheci. O doce piano escrevendo minha vida. Ensine-me a paixão, pois temo que ela tenha partido. Mostre-me o amor, proteja-me da tristeza. Há tanto que eu gostaria de ter dado àqueles que me amam. Eu sinto muito. O tempo dirá esse amargo adeus. Eu não vivo mais para envergonhar nem a mim, nem a você.
E você? Desejaria não sentir mais nada por você..."



Deux Vierges. Tecnologia do Blogger.