É cruel, eu sei. O arquivo dos sonhos perdidos está tocando ao fundo e eu me mantenho em pé, segurando-me nas árvores molhadas para não cair. Eu caio. Eu deveria estar dormindo, mas o nó em minha garganta não me deixa seguir.
É amplamente cruel. Um vidro do mais caro e valioso perfume jogado aos quatro ventos como quem nada quer. Uma rosa desabrochada largada sobre a lama, pisoteada por cavalos. E não pude sorrir ao lembrar que, perguntando-me sobre o perfume, fui obrigada a ouvir a canção que soava de teus lábios. O nó aumenta, já não posso controlar.
Desenhei na última folha de meu caderno nosso futuro com um toque de esperança maior do que eu gostaria de ter. Pude rapidamente criar cenas de um filme mudo, em preto e branco, e apostei todas as minhas fichas nesse tom perdido.
Sei que nada faz sentido, mas eu sinto muito informar, meu amor, que a última gota de minha doçura se foi. Sinto mais ainda informar, meu amor, que a culpa foi toda sua.
* A sombra da bondade esconde a lágrima.
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