Uma dose de conhaque. De dentro da casa quente pelo calor do fogo da lareira, observava pelas grandes paredes de vidro do meu quarto a neve cair. A penumbra era confortável, e tudo parecia ter dois estados diferentes, assim como eu. Havia uma guerra interior em mim. Deixá-lo ir, insistir mais uma vez. Cada gole da bebida me afirmava uma decisão, e eu não tinha nenhuma.
Uma cólica forte me rompia, quase, a barriga. Mais uma vez eu nada germinava e isto não ajudava. Me sentia estéril em todos os sentidos da vida.
Eu havia me prometido não chorar, e traí a mim mesma. Não era um choro desesperador, de urros e gritos e dor. Era um choro silencioso, de mágoa, de perda. Minha visão embaçava junto com a neve a cair. Eu bebia novamente e traçava com o copo as mesmas linhas traçadas pela costura da colcha. Eu tinha que recomeçar. Mas como? Fiz questão de esquecer como fazer quando tinha tais braços a me rodear. O frio me varria, mesmo com o calor do fogo. Esse calor não me aquecia, e eu teria que me acostumar com esse frio que me acompanharia até...
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