Schwarz&weiB





Estou numa sala escura. Não aquele escuro que dá para distinguir qualquer forma. Me refiro ao preto mais preto que o céu negro ou que olhos pretos. Breu total. Uma luz branca sai de algum lugar e me surpreende. Quase fico cega. Um misto de espanto e pavor me corrói. Chego a sufocar. O terror dá lugar a incompreensão quando noto que na parede à minha frente passa um filme, decalques brancos na parede negra. A surpresa é ainda maior quando vejo que o filme se trata de nós. Danças em algum lugar, beijos roubados, indecentes ou não. O jeito que me olhava com admiração enquanto sua boca (ah, que boca!) se curvava naquele sorriso torto que me fazia perder o fôlego. O jeito estúpido de rir, de me inclinar no ar para me beijar, o seu longo, enlouquecedor e torturante beijo de adeus. 
Me vi sentada no canto da sala novamente escura. Parecia chover em mim. Uma maldição e uma benção. Ergui o olhar marejado e notei que adormeci; adormeci tão suavemente que posso afirmar que foi em seus braços. Só não sei como.

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"Se você ler essas linhas, não lembre-se da mão que a escreveu. Lembre-se apenas do verso, o choro sem lágrimas do compositor por quem eu tenho dado a força e isso se tornou a minha própria força. Moradia confortável, colo da mãe, chance para a imortalidade, onde ser querido se tornou uma emoção que eu nunca conheci. O doce piano escrevendo minha vida. Ensine-me a paixão, pois temo que ela tenha partido. Mostre-me o amor, proteja-me da tristeza. Há tanto que eu gostaria de ter dado àqueles que me amam. Eu sinto muito. O tempo dirá esse amargo adeus. Eu não vivo mais para envergonhar nem a mim, nem a você.
E você? Desejaria não sentir mais nada por você..."



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